Narrativas de mães de crianças autistas a respeito das primeiras experiências escolares na educação infantil
DOI:
https://doi.org/10.26843/ae.v15i00.1167Palavras-chave:
Transtorno do espectro autista, Inclusão escolar, Pesquisa (Auto)biográfica, NarrativasResumo
A trajetória acadêmica pode ser complexa para mães atípicas devido às barreiras de acessibilidade enfrentadas por alunos com Necessidades Educacionais Especiais matriculados em escolas regulares brasileiras, apesar dos dispositivos legais que garantem esse direito. Este artigo, originado da dissertação de mestrado em Educação concluído em 2017, apresenta narrativas de cinco mães de crianças com o Transtorno do Espectro Autista a respeito de suas experiências com os filhos na Educação Infantil em escola regular, bem como suas expectativas com relação ao futuro. O procedimento metodológico foi qualitativo ancorado nos princípios da pesquisa (Auto)biográfica, tendo nas entrevistas narrativas sua fonte de produção de dados. Os resultados evidenciaram a percepção dessas mulheres acerca da importância do ambiente escolar para o desenvolvimento social e pedagógico das crianças, mas apontaram para a necessidade de uma revisão do modelo pedagógico e de formação de professores para que o processo de inclusão escolar possa acontecer de fato.
PALAVRAS-CHAVE: Transtorno do Espectro Autista. Inclusão escolar. Pesquisa (Auto)biográfica. Narrativas.
Downloads
Referências
APA. American Psychiatric Association. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. Porto Alegre: Artmed, 2014.
ARANHA, M. S. F. Referenciais para construção de sistemas educacionais inclusivos – a fundamentação filosófica – a história – a formalização. Versão preliminar. Brasília, DF: MEC; SEESP, 2003.
BARON-COHEN, S. Mindblindness. Cambridge, MA: MIT, 1995.
BLANCO, R. A atenção à diversidade na sala de aula e as adaptações do currículo. In: COLL, C.; MARCHESI, A.; PALACIOS, J. A. (org.). Desenvolvimento psicológico e educação: Transtornos de desenvolvimento e necessidades educativas especiais. Porto Alegre: Artmed editora, 2004.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 24 set. 2022.
BRASIL. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em: 24 set. 2022.
BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF: Presidência da República, 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 24 set. 2022.
BRASIL. Política Nacional de Educação na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, DF: MEC, 2008a. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf. Acesso em: 24 set. 2022.
BRASIL. Decreto Legislativo n. 186, de 2008. Aprova o texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova Iorque, em 30 de março de 2007. Brasília, DF: Congresso Nacional, 2008b. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/congresso/dlg/dlg-186-2008.htm. Acesso em: 12 jan. 2022.
BRASIL. Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência: Protocolo facultativo à convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência. 4. ed. revista e atualizada. Brasília, DF: Secretaria de Direitos Humanos; Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, 2012. Disponível em: https://sisapidoso.icict.fiocruz.br/sites/sisapidoso.icict.fiocruz.br/files/convencaopessoascomdeficiencia.pdf. Acesso em: 24 set. 2022.
BRASIL. Lei n. 12.764, de 27 de dezembro de 2012. Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista e altera o § 3.º do art. 98 da Lei no 8.112 de 11 de dezembro de 1990. Brasília, DF: Presidência da República, 2012. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12764.htm. Acesso em: 24 set. 2022.
BRASIL. Lei n. 13.146, de 06 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Brasília, DF: Presidência da República, 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm. Acesso em: 24 set. 2022.
BRUNER, J. Atos de significação. 2. ed. Tradução: Sandra Costa. São Paulo: Artmed, 2002.
CAPELLINI, V. L. M. F.; MENDES, E. G. O ensino colaborativo favorecendo o desenvolvimento profissional para a inclusão escolar. Educere et educare - Revista de Educação, Cascavel, v. 2, n. 4, p. 113-128, jul./dez. 2007. Disponível em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/educereeteducare/article/view/1659. Acesso em: 05 set. 2021.
CARARA, M. L. Dificuldade de Aprendizagem e Vulnerabilidade Social sob a Percepção da Comunidade Escolar. 2016. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Educação e Direitos Humanos) – Universidade do Sul de Santa Catarina. Santa Catarina, 2016.
CARVALHO, R. E. Com os pingos nos “is”. Porto Alegre: Mediação, 2004.
CARVALHO, R. E. Escola Inclusiva: A reorganização do trabalho pedagógico. Porto Alegre: Mediação, 2012.
CRESWELL, J. W. Investigação qualitativa e projeto de pesquisa: Escolhendo entre cinco abordagens. São Paulo: Penso Editora Ltda., 2014.
DIAS, P. C. A autoeficácia dos professores para a implementação de práticas inclusivas: Contributos para uma reflexão sobre a inclusão educativa. Original Article Ensaio: aval. pol. públ. educ, Rio de Janeiro, v. 25, n. 94, p. 7-25, jan./mar. 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ensaio/a/4cPyZxdyQ3KcdTDCNGWwPpb/?format=html. Acesso em: 19 abr. 2022.
FERREIRA, J. R. Educação especial, inclusão e política educacional: Notas brasileiras. In: RODRIGUES, D. A. (org.). Inclusão e educação: Doze olhares sobre a educação inclusiva, São Paulo: Summus, 2006.
FREITAS, S. N. A formação de professores na educação inclusiva: Construindo a base de todo o processo. In: RODRIGUES, D. (org.). Inclusão e educação: Doze olhares sobre a educação inclusiva. São Paulo: Summus, 2006.
FRITH, U. Autism and Asperger’s syndrome. London: Cambridge University Press, 1996.
GIROTO, C. R. M. et al. Educação Especial, formação de professores e o uso das tecnologias de informação e comunicação: A construção de práticas pedagógicas inclusiva. In: GIROTO, C. R. M.; POKER, R. B.; OMOTE, S. (org.). As tecnologias nas práticas pedagógicas inclusivas. Marília, SP: Oficina Universitária; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2012. Disponível em: https://www.marilia.unesp.br/Home/Publicacoes/as-tecnologias-nas-praticas_e-book.pdf. Acesso em: 20 set. 2022.
GLAT, R.; NOGUEIRA, M. L. L. Políticas educacionais e a formação de professores para a educação inclusiva no Brasil. Revista Integração, Brasília, v. 24, n. 14, p. 22-27, jun. 2003. Disponível em: https://www.metodista.br/revistas/revistas-unimep/index.php/comunicacoes/article/viewFile/1647/1055. Acesso em: 18 fev. 2022.
GOMES, C. G. S.; MENDES, E. G. Escolarização inclusiva de alunos com autismo na rede municipal de ensino de Belo Horizonte. Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, v. 16, n. 3, p. 375-396, dez. 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-65382010000300005. Acesso em: 01 abr. 2016.
HAAS, C. et al. Rodas de pesquisa e formação em educação especial: As trajetórias de estudantes com deficiência. Revista Brasileira Estudos Pedagógicos, Brasília, v. 97, n. 247, p. 570-582, set./dez. 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbeped/a/sWHQQb4BQpSGXRYT6PtJwJJ/?format=html&lang=pt. Acesso em: 24 abr. 2022.
HAPPÉ, F. G. E. Communicative competence and theory of mind in autism: A test of relevance theory. Cognition, Amsterdam, v. 48, n. 2, p. 101-119, ago. 1993.
HARRIS, P. L. Children and emotion: The development of psychological understanding. Oxford: Basil Blackwell, 1994.
HOBSON, P. Beyong cognition: a theory of autism. In: DAWSON, G. (ed). Autism: Nature, diagnosis and treatment. New York: Guilford, 1989.
JOVCHELOVITCH, S.; BAUER, M. W. Entrevista narrativa. In: BAUER, M. W.; GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
KASSAR, M. D. C. M. Políticas nacionais de educação inclusiva–discussão crítica da Resolução nº 02/2001. Ponto de Vista: revista de educação e processos inclusivos, Florianópolis, n. 3/4, p. 13-25, jan. 2002. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/pontodevista/article/view/1300. Acesso em: 13 maio 2021.
LAMPREIA, C. Os enfoques cognitivista e desenvolvimentista no autismo: Uma análise preliminar. Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre, v. 17, n. 1, p. 111-120, 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/prc/a/ZSzZ3LMzyndLWhBHh9hJjJJ/?lang=pt&format=html. Acesso em: 25 fev. 2022.
MANTOAN, M. T. E. Inclusão escolar: O que é? por quê? como fazer? São Paulo: Moderna, 2003.
MCLOUGHLIN, J. A.; LEWIS, R. B. Assessing students with special needs. New Jersey: Merril Prentice Hall, 2001.
MEIMES, M. A.; SALDANHA, H. C.; BOSA, C. A. Adaptação Materna ao Transtorno do Espectro Autismo: Relações entre Crenças, Sentimentos e Fatores Psicossociais. Psico, v. 46, n. 4, p. 412-422, dez. 2015. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistapsico/article/view/18480. Acesso em: 20 set. 2022.
MENDES, E. G. Histórico do movimento pela inclusão escolar. In: MENDES, E. G. (org.). Inclusão marco zero: Começando pelas creches. Araraquara, SP: Junqueira & Martins, 2010.
MENDES, E. G. A política de educação inclusiva e o futuro das instituições especializadas no Brasil. Arquivos Analíticos de Políticas Educativas, v. 27, n. 22, 2019. Disponível em: https://epaa.asu.edu/index.php/epaa/article/view/3167. Acesso em: 20 set. 2022.
MENDES, E. G. et al. Ensino Colaborativo como apoio à inclusão escolar: Unindo esforços entre Educação comum e Especial. São Carlos: EdUFSCar, 2014.
MUNDY, P. C. et al. The theory of mind and joint attention deficits in autism. In: BARON-COHEN, S.; TAGER-FLUSBERG, H.; COHEN, D. J. (org.). Understanding other minds: Perspectives from autism. Oxford: Oxford Medical Publications, 1993.
NUNES, D. R. P.; AZEVEDO, M. Q. O.; SCHIMIDT, C. Inclusão educacional de pessoas com Autismo no Brasil: Uma revisão da literatura. Revista Educação Especial, Santa Maria, v. 26, n. 47, p. 557-572, set./dez. 2013. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/3131/313128786005.pdf. Acesso em: 25 out. 2021.
OZONOFF, S. et al. Défices de função executiva em indivíduos autistas de alto funcionamento: Relações com a teoria da mente. The Journal of Child Psychology Psychiatry, v. 32, n. 7, p. 1081-1105, 1991. Disponível em: https://acamh.onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.1469-7610.1991.tb00351.x. Acesso em: 12 fev. 2022.
PADILHA, A. M. Prefácio. In: MILANEZ, S. G. C.; OLIVEIRA, A. A. S.; MISQUIATTI, A. R. N. (org.) Atendimento educacional especializado para alunos com deficiência intelectual e transtornos globais do desenvolvimento. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2013.
PAPIM, A. A. P. et al. Inclusão Escolar: Perspectivas e práticas pedagógicas. Porto Alegre: Editora Fi, 2022.
PASSEGGI, M. C. Enfoques narrativos en la investigación educativa brasileña. Revista Paradigma, Venezuela, v. 41, n. 6, p. 57-79, jun. 2020. Disponível em: http://revistaparadigma.online/ojs/index.php/paradigma/article/view/929. Acesso em: 18 abr. 2021.
RABELO, L. C.; SANTOS, R. T. Ensino colaborativo e a inclusão do aluno com autismo na educação infantil. In: CONGRESSO BRASILEIRO MULTIDISCIPLINAR DE EDUCAÇÃO ESPECIAL, 7., 2011, Londrina. Anais[...]. Londrina, PR: Universidade de Londrina, 2011. Disponível em: http://www.uel.br/eventos/congressomultidisciplinar/pages/arquivos/anais/2011/TRANSTORNO/179-2011.pdf. Acesso em: 24 set. 2022.
ROSE, D. H. et al. The Universally Designed Classroom: Accessible Curriculum and Digital Technologies. Cambridge, MA: Harvard Education Press, 2005.
RUTTER, M. Language disorder and infantile autism. In: RUTTER, M.; SCHOPLER, E. (org.). Autism: A reappraisal of concepts and treatment. New York: Plenum Press, 1976.
SASSAKI, R. K. Inclusão: Construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 1999.
SASSAKI, R. K. As sete dimensões da acessibilidade. São Paulo: Lavratus Prodeo, 2020.
SCHMIDT, C. Inclusão educacional de pessoas com Autismo no Brasil: Uma revisão da literatura. Revista Educação Especial, Santa Maria, v. 26, n. 47, p. 557-572, 2013. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/3131/313128786005.pdf. Acesso em: 27 jan. 2022.
SCHMIDT, C.; BOSA, C. A investigação do impacto do autismo na família: Revisão crítica da literatura e proposta de um novo modelo. Interação em Psicologia, v. 7, n. 2, p. 111-120, jul./dez. 2003. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/psicologia/article/view/3229. Acesso em: 13 out. 2021.
SMEHA, L. N.; CEZAR, P. K. A vivência da maternidade de mães de crianças com autismo. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 16, n. 1, p. 43-50, mar. 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pe/a/QypM8WrpBcGX9LnwfvgqWpK/?lang=pt&format=html. Acesso em: 23 abr. 2022.
STERN, D. N. et al. The infant’s stimulus world during interaction: A study of caregiver behaviours with particular reference of repetition an timing. In: SCHAFFER, R. H. Studies in mother-infant interaction. London: Oxford University Press, 1977.
TREVARTHEN, C. Communicating and playing with an autistic child. In: TREVARTHEN, C. et al. (org.). Children with autism: Diagnosis and interventions to meet their needs. London: Jessica Kingsley, 1996.
UNESCO. Declaração mundial sobre educação para todos e plano de ação para satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem. Jomtien, Tailândia: UNESCO, 1990.
UNESCO. Declaração de Salamanca e Linha de Ação sobre Necessidades Educativas Especiais (1994). Brasília, DF: Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. Genebra: UNESCO, 1994. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf. Acesso em: 24 set. 2022.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Ao submeter uma obra à apreciação e possível publicação na revista @mbienteeducação o(s) autor(es) declaram ceder os direitos autorais da mesma dentro das regras da "atribuição 3.0 Brasil" da CREATIVE COMMOMS QUE PODE SER CONSULTADA NO ENDERE? O http://creativecommons.org/licenses/by/3.0/br/ inclusive o que consta na integra da licença jurídica que também pode ser consultada no endereço: http://creativecommons.org/licenses/by/3.0/br/legalcode